Olá, gostaria de comentar hoje sobre a doença de Legg-Perthes-Calvé, uma lesão do quadril infantil que pode trazer grande limitação para a vida da criança se não for acompanhada precoce e minuciosamente.
Esta doença consiste na morte parcial da cabeça do fêmur no quadril por falta de vascularização adequada, possuindo origem multifatorial (com vários fatores envolvidos como traumas, distúrbios endócrinos, hiperatividade, doenças vasculares, entre outros). Ocorre mais frequentemente entre os 4-12 anos de idade, preferencialmente em meninos.
Diagnosticamos a lesão pelo exame clínico (que se mostra como claudicação e dor e limitação da mobilidade do quadril), com auxílio de exames de imagem (raios-x, tomografia, ressonância magnética, cintilografia óssea).
Ao exame de raio-x, a doença parece assim:
Seu desenvolvimento perdura em média dois a três anos e, em geral, há cura espontânea.
Mas então, se há cura espontânea, por que nos preocupamos com isso? Justamente porque, em muitos casos, principalmente aqueles que aparecem após os 8 anos de idade, se não há um acompanhamento muito cuidadoso desde o início da doença, o seu rumo é quase sempre o da sequela com limitação para a movimentação do quadril e, provavelmente, artrose ou desgaste articular precoce.
O tratamento é bastante variável, dependendo da idade do surgimento dos sintomas, e da gravidade da lesão. Quanto mais precoce o aparecimento das dores, e mais leve a doença, mais tranquilo é o tratamento e melhor o prognóstico. Para os casos leves o máximo que fazemos é o posicionamento de gessos ou órteses para manutenção da mobilidade. A cirurgia é indicada em situações bem específicas e de gravidade moderada-importante. Casos muito graves e de surgimento tardio (após os 8 anos de idade) têm prognóstico ruim, o que pode levar a necessidade de protetização precoce.