Hoje seguiremos com o assunto iniciado no post anterior sobre a luxação de quadril, ou displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ), só que desta vez abordaremos o seu tratamento cirúrgico.
Muito embora a taxa de sucesso do tratamento conservador, ou não cirúrgico, da DDQ seja alto quando iniciado antes dos 6 meses, há casos em que ocorre falha do tratamento, ou o paciente se apresenta ao médico tardiamente com mais de 6 meses de idade já com doença avançada, casos em que é necessário operar.
Após os 6 meses de idade, o uso do suspensório ou órtese já não se aplicam pois o bebê começa a rolar, o que torna o dispositivo inútil. Por isso, passada essa idade, na persistência da DDQ, temos que optar pela cirurgia. O primeiro tratamento “cirúrgico” a ser tentado consiste na redução ou recolocação do quadril no seu lugar com anestesia geral mas sem corte, com posicionamento de gesso pelvipodálico dessa maneira:
Assim, o bebê permanece cerca de 3 meses no total, podendo idealmente o gesso ser trocado com 6 semanas. Retirado o gesso, verifica-se a estabilidade do quadril, ou seja, se a articulação permanece reduzida, ou no seu lugar. Havendo estabilidade, coloca-se a seguir outro tipo de dispositivo, como a órtese de Atlanta abaixo, por mais alguns meses.
Permanecendo os quadris estáveis passados mais 3-6 meses do uso dessa órtese, com redução progressiva do tempo diário utilizado, então esse é o fim do tratamento.
Mas e se os quadris permanecerem instáveis após a colocação de gesso? Nesse caso, e também nos casos que se apresentam ao médico tardiamente, temos que utilizar a cirurgia de fato, com corte. A cirurgia em si varia em tamanho e complexidade, podendo incluir desde somente a abertura do quadril para o seu adequado posicionamento, até a necessidade de se realizar cortes ósseos no fêmur e/ou bacia. Abaixo temos um exemplo de cirurgia que incluiu cortes ósseos na bacia e em ambos os fêmures, que foram fixados com placas.
Ao fim do tratamento cirúrgico, é necessário a colocação de gesso como exemplificado acima por pelo menos 6 semanas, seguido ou não do uso de órtese por mais algumas semanas, dependendo da complexidade do caso.
O tratamento cirúrgico de maior agressividade, com cortes ósseos na bacia e fêmur com colocação de placa, é a última fronteira do tratamento, sendo eficaz em quase todas as situações.