Olá, hoje gostaria de discutir sobre a triagem para luxação de quadril em
bebês recém nascidos. Resumidamente, a luxação congênita do quadril,
ou displasia do desenvolvimento do quadril (DDQ), é uma doença em que
a criança nasce com uma malformação desta articulação que pode, em
casos mais graves, já se apresentar com deslocamento completo. A DDQ
pode ser diagnosticada intra-útero por meio de ecografia obstétrica,
no exame físico logo ao nascimento ou nas primeiras semanas de vida,
por meio de exames de imagem nas semanas logo após o nascimento, ou
tardiamente, quando a criança começa a caminhar (caso em que a criança
caminha mancando).
O diagnóstico precoce é o ideal, pois permite que o paciente seja
tratado, até os primeiros 6 meses de vida, somente com o uso do
suspensório de Pavlik. Alguns países do primeiro mundo possuem
programas de triagem da DDQ em recém nascidos que faz com que a taxa
da apresentação tardia da doença nestas regiões seja nula.
Infelizmente, no Brasil, porém, o diagnóstico precoce muitas vezes não
é realizado. Por isso, se torna relativamente comum o aparecimento, em
meu consultório de ortopedia pediátrica em Porto Alegre, de pacientes
com luxação de quadril que se apresenta tardiamente, ou quando a
criança já começou a caminhar. A identificação tardia da lesão tem
como consequência necessariamente a cirurgia, maior ou menor,
dependendo da gravidade do quadro, e a utilização de imobilização
gessada, e posteriormente órtese, por muitos meses, o que acaba
atrapalhando o desenvolvimento normal da criança.
Esse panorama indica, portanto, a importância de uma adequada
avaliação do bebê desde a vida intra-uterina até as primeiras semanas
de vida, para que o risco de sequelas como claudicação e dor articular
em quadril na maturidade sejam minimizados.
